sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Gênese em Mármore Brumal

 Oh! Que gélido, que dor atroz funérea...
Onde o luto em triste pranto acorda!
De que éter, nessa lápide cinérea,
Vem a dor, que n'alma hoje aborda!

Sublimações das almas, glória celestial!
Revelam o amor que a cripta ignora;
Gélidas moradas, silentes e sideral,
Dos encantos, do Cristo que a alma adora!

Finda aos céus um acorde antes fugaz,
Em glória astral, vibrante apaixonada
Níveo Salmo, que o luto não consome!

Clarão angélico, sinfônico que apraz,
Da transcendência, mística e velada,
E do consôlo, sacrário do seu Nome! 





sábado, 30 de agosto de 2025

Virgens Mortas

Na noite fria, onde o luar se dilui ao céu,
Jazem as virgens, pálidas da sinfonia...
Seus olhos, antes luz, agora negrume véu,
E uma tristeza que o esquecimento guia...

Jardim de lírios, que ninguém mais rega,
Testemunha a partida em silêncio atróz...
Mas ao longe um hino que a saudade leva,
De um amor latente, que findou em nós.

Desfaz-se o sonho, em fúnebre quimera,
E um cortejo, sob o manto da penumbra,
Da beleza finda, em sepulcral esfera,

As virgens almas que o céu vislumbra,
Que no adeus esse hino encerra,
É a dor eterna que em mim deslumbra.



terça-feira, 29 de abril de 2025

Suspiros Derradeiros

Quando, enfim, à fria lápide acampar,

Com preces fervorosas e uma oração;

As rosas hão de, qual pranto, adornar,

Os sonhos findos de amor e afeição.


Perante Cristo as almas hão de estar,

Junto aos anjos nos édenos sidéreos,

Quem sabe eles, às almas a consolar,

Salmodiando com cítaras, saltérios...


Deitadas no leito, lágrimas e memórias,

E os sonhos todos, cândidos, inefectos,

Em dolentes modas e etéreas glórias...


Talvez para fenecer, de modo anelante,

Em lánguidos suspiros se findarão;

Que do orvalho, e em lágrima restante...




segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Ecos da Solidão

Esta alma triste, soturna e desolada,
Qual uma flor, dolorosa dos prantos
Descrita em sinfonia, bela, adornada,
Evoca saudades, mistérios, encantos!

Evoca saudades, dos sonhos de amor
Além do oceano, das terras distantes
Evoca os sussurros, quais ecos de dor
Do amor esquecido de almas errantes

Soturna flor, como o lírio da solidão
Esquecida nas brumas da imensidão
Sublime essência, aos poetas inspirar...

Soturna Flor, dos hinos, das sinfonias
Antigo amor, do sonho, das melodias
Plangentes, tumulares na alma ecoar...



domingo, 10 de janeiro de 2021

Tumulo Angel of Grief ou Anjo da Dor



 O túmulo do Anjo da Dor (Angel of Grief) ou do Sofrimento, é uma obra feita pelo escultor estadunidense William Wetmore Story (1819-1895) e que hoje serve como um túmulo de pedra em homenagem ao artista e sua esposa Emelyn Story que morreu em 1894, e que encontra-se no Cemitério Protestante, oficialmente denominado Cimitero acattolico  em Roma. Uma réplica feita em 1906 existe no Mausoléu de Stanford na Universidade de Stanford substituindo um criado em 1901, e destruída no terremoto de São Francisco de 1906.

Este moumento fúnebre, encontra-se no Cemitério Protestante em Roma.

O Anjo da Dor é um dos memoriais mais comoventes e visitados no Cemitério Não-Católico de Roma, localizado à sombra da pirâmide de Caius Cestius no distrito de Testaccio da cidade.

Story resolveu esculpir a estátua como uma forma de lidar com a perda de sua esposa, dizendo: “Ela foi minha estadia, minha alegria, minha ajuda em todas as coisas”. Story também poeta, inspirado pelo amor à sua amada esposa, demonstrou todo seu talento ao criar esta obra tão magnífica, e que inclusive serviu como capa de álbum por algumas bandas de Rock.

Em 2004 a banda Nightwish trouxe na arte do álbum "Once", uma ilustração com essa estátua. Outras três bandas já haviam lançado álbuns com esse mesmo anjo: The Tea Party no álbum “The Edges of Twilight” de 1995, Evanescence no seu EP homônimo de 1998, e a banda Odes of Ecstasy, no álbum “Embossed Dream in Four Acts”, também de 1998.

O anjo da Dor foi a última grande obra do escultor e se tornou o local de descanso do artista um ano depois, quando morreu aos 78 anos.

Usei a imagem deste monumento para estampar a capa do blogue Lírio das Almas, blogue destinado à poema de luto. https://liriodalma.blogspot.com/?m=1



domingo, 26 de agosto de 2018


Ao fechar os meus olhos p’ra sempre,
E estas mãos para sempre parar;
E este corpo na terra em seu ventre,
Quais lembranças de mim vão restar?

Esta vida foi feita com lutas extremas,
Mas com um luto ela vai se encerrar.
Não terei mais os doces poemas,
P’ra minh’alma no além se alegrar...

Tive o amor benfazejo e as delícias,
Mas também meus invernos polares!
Inimigos d’alma e as doces carícias,
D’outros anjos, do céu, d’além mares...

Restará talvez breve lembrança,
Nesta Ode que a alma alcançar...
Talvez seja um alento ou bonança,
Para a alma em que ela tocar...

Só queria uma pedra epitáfio,
Com os versos de amor exaltar!
Deixo, porém para o tempo,
O dia e a hora chegar!


domingo, 21 de maio de 2017

Teu Silêncio

Eis que este amor fenecido, lutuoso,
E com minh’alma soturna tão dolorosa;
Diante desta visão cadavérica, formosa,
Verto ainda amor, póstumo, saudoso...

Em negra veste, sombria e merencória,
Minh’alma contrita verte-se em pranto...
Nesta contemplação de fulgido encanto,
De tanto sentimento nesta dedicatória...

Na serenidade de sombrio paramento,
Ainda caberá tanto deslumbramento
Que todo este amor em palavra tece...

Pois em teu lábio convulsivo, e mudo,
Ainda vejo como que bendizendo tudo,
As sílabas simbólicas de nossa Prece!


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Última Quimera

Nas noutes frias das dolorosas ilusões,
E nestes sonhos de mórbidos letargos;
Verto os poemas nascidos das afeições,
Verto em prantos, tristonhos, amargos.

E nestes sonhos de tristezas tumulares,
Dentre o chorar plangente dos violinos;
Escuto vozes soturnas d’outros lugares,
Como a entoar ao longe os doces hinos.

Neste momento, sinto a tua fragrância,
Do que foi nosso amor, na exuberância,
Essência da paixão, fruto da primavera.

E para relembrar teus últimos encantos,
As rosas murchas, os lírios e amarantos,
Serão recordações nossa última quimera.
 


sábado, 27 de dezembro de 2014

Visões Celestinas


Eis que no céu nevoento, enluarado,
Graciosos vultos por lá povoam!
Céu noturno, nebuloso, paramentado,
Vultos angélicos, por lá revoam...

Com harmonia singela, mas graciosa,
Desce à terra, uma visão inusitada!
Alva como a neve, branca, misteriosa,
Só pode ser divina, celeste, imaculada...

Mas, quem és tu, ó vulto misterioso?
És do Céu, do Cristo, doutra esfera?
Talvez meu anjo, silente e amoroso...

Quem sabe Deus, senão a minha sorte?
A nossa consolação, o ideal das almas,
Talvez a glória, quem sabe a boa morte!



sábado, 8 de novembro de 2014

My Immortal


Alma envolta em sentimento e ternura,
Feito uma santa de um rosto angelical;
Junto com flores sublimes da sepultura,
Em sua dormência, solene e sepulcral...

Nesta lividez de tão cândida alvura,
De frias mãos em mantos sonolentos;
Beleza fenecida de lânguida candura,
Jaz no silêncio de pétreos monumentos...

Contigo esta flor, lacrimosa, tristonha,
Tal como quem serenamente sonha,
Com o gozo celestial, dos anjos, da Paz...

Mas eis que junto ao Cristo marmóreo,
Dentro do recinto plangente, merencório,
Olvidar o nosso amor, esta campa jamais...



quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Menino da Fotografia

Quem és tu, menino tristonho e lacrimoso,
Que como a sombra de outrora nesta visão;
Aflora em meu coração, pueril e doloroso,
Com versos em prantos e uma doce ilusão?

Foram teus soluços, todos os teus prantos,
Nas noites de outrora em taciturno gemido;
Que geraram as flores, os poemas, encantos,
Em um coração dilacerado; soturno, ferido!

Fotografia envelhecida, que n'alma abrigo,
E um sonho dilacerado, sofredor e antigo,
Que escondo no coração silencioso, denso...

Descortina a noite de um céu flóreo, risonho,
No silêncio desta minha dor, e deste sonho,
Para ascender a um esquecido amor imenso....




domingo, 6 de julho de 2014

Lacrimosa Lua

A amplidão da noite, solene esmaeceu,
Por este chão, sagrado e transcendente...
Pois tu’alma, que tristonha adormeceu,
Acolhida foste, ao Cristo eternamente...

Para mim o que era sonho terminou,
E em meu peito o coração esmoreceu!
Como lírio, que o teu corpo enfeitou,
No crepúsculo, a minh’alma feneceu...

Crepúsculo como véu no fim da tarde,
Na envolvência de minh’alma agasalhar,
A Lua é a ante-sombra  que me invade...

Ó lua, tristonha! Que palidez a tua!
Teus prantos em minh’alma se derramam,
Meu consolo, meu amor, Ofélia nua...





sexta-feira, 21 de março de 2014

Lírio da Minha Dor


Lírio da minha desventura, ó lírio!
Sinto minha vida se esvair agora,
No leito que me acolhe por ora,
Envolto em dor e profundo martírio...

Já próximo da minha despedida,
Chega à alma uma doce inspiração;
Do amor nascido em meu coração,
Desta vida, sofredora e combalida...

Nesta palidez augusta, d’aurora,
Resta à minha alma, embora;
Rogar aos céus numa prece divina...

Lírio da minha dor, esmaecido jaz,
Nestas mãos que a Deus compraz,
E que minh’alma, conduz e ilumina... 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Farol das Almas

Certas noutes, brumais, dos plenilúnios,
A lua alva no aconchego dos negros véus,
Visão medonha, sagrada e dos eflúvios,
É a visão, sacrossanta dos ermos céus...

Há um mistério, que encanta e arrebata,
Que no ardor dessa santa contemplação,
Faz da lua um mistério que Deus retrata,
As santas almas, que jazem hoje ao chão...

Exuberante mas triste, paramentada,
É esta leiva que um dia acolherá,
Todas as almas da terra, iluminada...

A luz da lua atraca nos tristes portos,
Como farol, das almas enclausuradas,
Sagrada luz, angélica dos mortos...



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Vandalismo

Oh, que dor! Que tristeza, atroz, funérea,
Ao deparar-me com tamanha profanação...
Almas torpes, vândalos da paz cinérea,
Que desça a ira de Deus, por esta violação...

Eis que as lápides, ao chão, derribadas,
Leito dos mortos, do descanso tumular,
Evocam a demência de almas ofuscadas
Pela torpe obsessão, de um valor angariar...

Almas de sina errante, infames e sem luz,
Destroem, vilipendiam, e roubam a paz,
Daqueles que jazem, à sombra de uma cruz...

Decerto são almas vis, decaídas, dementes,
A rasgar sedentos, o lúrido sacrário, 
Rastejam pela vida – Oh, miseráveis mentes...

Cemitério do Araçá em São Paulo, após ataque de vândalos

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Meu Anjo...

Quando será que acharei descanso
Neste chão de melancólicas imagens
Recanto de paz, tristonhas paisagens
Das dores, das angústias e o pranto?

Em vão busquei-te por outros portos
Por entre as dores e sôfregos martírios
Por entre as dores de insólitos delírios
No amontoado de escombros e corpos...

Com a morte no estupor navego,
Nas congeladas magnólias enxergo,
Entre catalépticas visões de um sonho...

Nestas rimas de púrpura desolada,
Minh'alma febril, plangente, fatigada,
Repousa enfim do estertor medonho...


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Anfitriã Eterna

À espreita a morte conosco vaga, 
Desceremos junto ao sombrio leito... 
Até findar-se a aventura amarga, 
Nos infortúnios, e por ela eleito... 

Para enfeitar, as flores serão estampa 
Que o pranto verte no amor a alguém... 
Vestido em terra que agora acampa, 
Com uma prece e findando Amém... 

Óh manto escuro do além profundo! 
Abrigo taciturno de tão sublime paz, 
Sonhos findos, sem rumo, sem norte... 

Invólucro humano despe do mundo! 
Eis que agora, e pra sempre jaz, 
Em baixar ao leito a soturna morte...

Imagem: Cemitério Consolação - São Paulo



terça-feira, 23 de abril de 2013

Alma Peregrina

Quando enfim, à fria lapide acampar,
Com preces fervorosas e uma oração;
Estarão as rosas como que a chorar,
Meus sonhos findos de amor e paixão?
Mas diante do Cristo as almas estarão
E os santos anjos nos rincões etéreos,
Quem sabe eles, para as almas entoarão,
Salmodiando hinos com harpa e saltérios...
Finda no leito as lágrimas e memórias,
E todos os sonhos, pueris, inacabados,
Em melodias, sublimes e merencórias...
Talvez pra fenecer, de forma angustiante
Em lânguidos murmúrios se encerrarão;
Que do orvalho, as lágrimas restante...


Arte IA por Antônio Lídio Gomes

quarta-feira, 13 de março de 2013

Evocações


Sinto que este dia brumal, tempestuoso,
Evoca sentimentos, tristes, merencórios...
Está assim, como em prantos e pesaroso,
Como são os dias, tristonhos dos velórios...

Medito por um instante no sono eterno,
Dentro da sepultura, nos braços da morte...
Sou todos os medos, que n’alma externo,
Ainda que os anjos, minh’alma conforte...

Estará a chuva pranteando as dores
E este sentimento, triste, sem flores,
Em rotos nimbos, negros da aflição?

Resta-me um sentimento tristonho
E este céu, lutuoso, cinza, medonho,
Apaziguado nos Salmos duma oração!




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Eternas Bênçãos

Minh’alma pranteia tristonha e merencória, 
Com recordações, d’outros tempos já idos; 
In Memoriam, são meus versos dedicatória, 
Junto com as flores e sonhos interrompidos... 

Aquilo que restou, e hoje é somente história, 
Outrora um devaneio sonhado junto contigo, 
Agora jaz perene na pétrea campa marmórea; 
Dos sonhos acalentados, findados neste jazigo... 

 Mas eis que os desejos daquilo que me restou, 
Amores e os juramentos, e tudo que se findou, 
São hoje as minhas dores, prantos, e tristes ais. 

 Mesmo assim, a trajetória que nós compomos, 
Finda nesta campa, e daquilo que um dia fomos, 
Serão Eternas Bênçãos, consolo que me apraz.