terça-feira, 23 de abril de 2013

Alma Peregrina

Quando à fria lapide acampar,
 As preces fervorosas e esta oração;
Estarão as rosas como a chorar,
Os sonhos idos de amor e paixão...

Óh Ser, tão compassivo e carinhoso...
Anjos harpejam por convulsos dedos!
Entoam um Salmo, sublime, glorioso,
Balada melodiosa, poemas, enredos...

E dentro do leito, lágrimas e memórias,
De todos os sonhos, pueris, imaculados,
São melodias, sublimes e merencórias...

É quando verte do céu uma música divina!
-Rosa das Flores, que pelas flores murmura,
Tu'alma por entre elas, passeia e peregrina...


Cemitério da Consolação - São Paulo

quarta-feira, 13 de março de 2013

Evocações


Sinto que este dia brumal, tempestuoso,
Evoca sentimentos, tristes, merencórios...
Está assim, como em prantos e pesaroso,
Como são os dias, tristonhos dos velórios...

Medito por um instante no sono eterno,
Dentro da sepultura, nos braços da morte...
Sou todos os medos, que n’alma externo,
Ainda que os anjos, minh’alma conforte...

Estará a chuva pranteando as dores
E este sentimento, triste, sem flores,
Em rotos nimbos, negros da aflição?

Resta-me um sentimento tristonho
E este céu, lutuoso, cinza, medonho,
Apaziguado nos Salmos duma oração!




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Eternas Bênçãos

Minh’alma pranteia tristonha e merencória, 
Com recordações, d’outros tempos já idos; 
In Memoriam, são meus versos dedicatória, 
Junto com as flores e sonhos interrompidos... 

Aquilo que restou, e hoje é somente história, 
Outrora um devaneio sonhado junto contigo, 
Agora jaz perene na pétrea campa marmórea; 
Dos sonhos acalentados, findados neste jazigo... 

 Mas eis que os desejos daquilo que me restou, 
Amores e os juramentos, e tudo que se findou, 
São hoje as minhas dores, prantos, e tristes ais. 

 Mesmo assim, a trajetória que nós compomos, 
Finda nesta campa, e daquilo que um dia fomos, 
Serão Eternas Bênçãos, consolo que me apraz.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Memento Mori - Amor Eterno

Tua alma linda, que entre as flores, adornada,
Com as rosas de amor e fragrância dos meus lírios;
Trouxe enlevos em um sonho, a saudade e delírios,
No silêncio desta noute, negrejante e malfadada...

Lembrei tua face lúrida, inda meiga, formosa,
Qual rosto de uma infanta, nesta desventura!
Parecia-me um anjo d’alma serena, tão pura,
Vertendo em meu ser, a essência duma rosa!

Ó alma serena... Doce alma, serena, mas bendita!
Que no seio da terra jaz, mas no céu agora habita,
Restou esta paixão e os prantos dos Mementos...

Pois enquanto sonho com teus beijos e as carícias,
Recordo ora saudoso   ̶  Quanto amor, quantas delícias!
Rogo a Ti meu Deus, este amor nos Firmamentos...





Ato de Agradecimento 

"Ó meu Deus, com a mais profunda humildade Vos rendo graças pelos anos de vida e de saúde que me concedestes, e também pelas dores que sofro, e que hei de sofrer na hora de minha morte, pois que tudo provém do vosso amor. Dou-Vos, igualmente graças, e jamais cessarei de Vo-las dar por todos os benefícios que recebi da vossa bondade durante a minha vida. Bendirei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor esteja sempre em minha boca. Bendito sois Vós, Senhor, no firmamento do céu, e louvável e glorioso para sempre!"


domingo, 9 de dezembro de 2012

Ao Pé da Santa Cruz


Ó santa cruz, do Cristo, meu Caminho,

Símbolo pétreo, silente do meu pecado.

Final da jornada, de flores, e do espinho,

O fim que alivia as dores do meu legado.


Ó símbolo atroz, do Cristo que padeceu,

Que tantas almas, socorre inda apascenta.

Será na santa cruz, aquilo que é só meu,

O fim dessa jornada com dores e tormenta?


Quando me findar – Senhor, que triste sorte!

E a vida se esvair, no Adeus da minha morte,

Será na Santa Cruz, o fim de uma tormenta...


"...Quem dera evanescer, no amor do teu regaço,

Teu seio angelical, no amor do teu abraço,

Sentir tua alma santa que hoje me acalenta..."





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Crepúsculo


Sepultado... Eis que jaz ao seio da terra

Esta alma do poeta que um dia entoou,

As letras rabiscadas e que agora findou,

Suas inspirações e que a morte encerra...


Chega o crepúsculo feito um véu a cobrir

A campa derradeira neste fulgurante pó,

E minh’alma pranteando tão somente só

Enquanto vem o ocaso esta campa cingir...


No ardor da minha admiração profunda,

Murmuro - Adeus! Pois nesta vala funda,

Sua voz emudeceu, com a morte se calou!


Descerá a noite sobre a campa encerrada...

E sem viva alma, o sereno da madrugada,

A campa molhará como lágrima que restou!



Cemitério do Araçá, São Paulo



domingo, 16 de setembro de 2012

Salmos Perpétuo




Salmo Perpétuo

Finda assim em langorosa vetustez,
Acometida de súbita fatalidade,
Aquela que foi em sua mocidade
Aquela outrora com toda sua avidez...

As mãos, encarquilhadas, esguias,
Levadas ao peito, em prece, unidas,
E um rosário de flores enlanguescidas
Por sobre o corpo, frágeis e frias...

Ainda hoje parece que recitando,
Um lindo Salmo, ontem me declarando,
Que a bondade dos anjos me livrarão...

E eu que ouvia, contudo enternecido,
De sua voz, o salmo oferecido,
Como de mãe, pelo filho em prisão!

Antônio Lídio Gomes