quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Memento Mori - Amor Eterno

Tua alma linda, que entre as flores, adornada,
Com as rosas de amor e fragrância dos meus lírios;
Trouxe enlevos em um sonho, a saudade e delírios,
No silêncio desta noute, negrejante e malfadada...

Lembrei tua face lúrida, inda meiga, formosa,
Qual rosto de uma infanta, nesta desventura!
Parecia-me um anjo d’alma serena, tão pura,
Vertendo em meu ser, a essência duma rosa!

Ó alma serena... Doce alma, serena, mas bendita!
Que no seio da terra jaz, mas no céu agora habita,
Restou esta paixão e os prantos dos Mementos...

Pois enquanto sonho com teus beijos e as carícias,
Recordo ora saudoso   ̶  Quanto amor, quantas delícias!
Rogo a Ti meu Deus, este amor nos Firmamentos...





Ato de Agradecimento 

"Ó meu Deus, com a mais profunda humildade Vos rendo graças pelos anos de vida e de saúde que me concedestes, e também pelas dores que sofro, e que hei de sofrer na hora de minha morte, pois que tudo provém do vosso amor. Dou-Vos, igualmente graças, e jamais cessarei de Vo-las dar por todos os benefícios que recebi da vossa bondade durante a minha vida. Bendirei ao Senhor em todo o tempo; o seu louvor esteja sempre em minha boca. Bendito sois Vós, Senhor, no firmamento do céu, e louvável e glorioso para sempre!"


domingo, 9 de dezembro de 2012

Ao Pé da Santa Cruz


Ó santa cruz, do Cristo, meu Caminho,

Símbolo pétreo, silente do meu pecado.

Final da jornada, de flores, e do espinho,

O fim que alivia as dores do meu legado.


Ó símbolo atroz, do Cristo que padeceu,

Que tantas almas, socorre inda apascenta.

Será na santa cruz, aquilo que é só meu,

O fim dessa jornada com dores e tormenta?


Quando me findar – Senhor, que triste sorte!

E a vida se esvair, no Adeus da minha morte,

Será na Santa Cruz, o fim de uma tormenta...


"...Quem dera evanescer, no amor do teu regaço,

Teu seio angelical, no amor do teu abraço,

Sentir tua alma santa que hoje me acalenta..."





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Crepúsculo


Sepultado... Eis que jaz ao seio da terra

Esta alma do poeta que um dia entoou,

As letras rabiscadas e que agora findou,

Suas inspirações e que a morte encerra...


Chega o crepúsculo feito um véu a cobrir

A campa derradeira neste fulgurante pó,

E minh’alma pranteando tão somente só

Enquanto vem o ocaso esta campa cingir...


No ardor da minha admiração profunda,

Murmuro - Adeus! Pois nesta vala funda,

Sua voz emudeceu, com a morte se calou!


Descerá a noite sobre a campa encerrada...

E sem viva alma, o sereno da madrugada,

A campa molhará como lágrima que restou!



Cemitério do Araçá, São Paulo



domingo, 16 de setembro de 2012

Salmos Perpétuo




Salmo Perpétuo

Finda assim em langorosa vetustez,
Acometida de súbita fatalidade,
Aquela que foi em sua mocidade
Aquela outrora com toda sua avidez...

As mãos, encarquilhadas, esguias,
Levadas ao peito, em prece, unidas,
E um rosário de flores enlanguescidas
Por sobre o corpo, frágeis e frias...

Ainda hoje parece que recitando,
Um lindo Salmo, ontem me declarando,
Que a bondade dos anjos me livrarão...

E eu que ouvia, contudo enternecido,
De sua voz, o salmo oferecido,
Como de mãe, pelo filho em prisão!

Antônio Lídio Gomes



sábado, 18 de agosto de 2012

Necrópole

São estas imagens sombrias, os tristes ais!
De todos os encantos na paz de um jazigo;
De todo este ardor que devoto a um amigo,
Outrora alvissareiro e que hoje não é mais.

Sobre pétreas campas sombrias, adornadas,
Coroas de flores, rosas murchas e merencórias;
Jazem com elas nas tristes campas marmóreas,
As almas saudosas, tristonhas, desconsoladas...

Este amigo meu aos báratros foi acolhido,
Ao seio da terra, descanso lhe concebido;
E na generosidade do Cristo Consolador...

Num último adeus, abraço a laje cinérea,
Esta campa de paz, tão sombria, funérea...
Sinto ainda afeição, de sua alma nesta dor!


Imagem Cemitério do Araçá - São Paulo


terça-feira, 31 de julho de 2012

Requiem por um Amor Perdido

Meu amor! Ainda estou aqui pranteando, sob a tua sepultura...
Estou sozinho ainda aqui; ermo, sofrido, choroso, dilacerado;
Ainda estou aqui meu anjo adormecido, com a dor e amargura,
Absorvendo n’alma cada recordação, do amor que é passado...

Mas à pouco, tão pouco tempo, que esta tu’alma (tão vivaz),
Era como a verdadeira amante, e agora dentro deste jazigo...
Sorrindo para mim, rosa tão menina, minha flor que agora jaz,
Era como uma brisa em meu corpo, minha paz e meu abrigo...

Inda sinto este amor e tuas mãos delicadas, suaves a me tocar,
Como a fragrância dos narcisos, e do perfume que tu gostava...
E ao tocar em teus lábios, sentia todo desejo, deles eu beijar,
Pois queria teu aroma junto a mim, e que tanto me encantava...

São os encantamentos tardios, com as lágrimas e com este sono...
São todas as lembranças do que um dia foi, e agora jamais será...
São como fotografias na mente, dos sorrisos, agora deste outono...
Com os olhos marejados, e a alma pesarosa, que contigo partirá...




domingo, 8 de julho de 2012

Columbário Medonho

Ó columbário misterioso, imponente, medonho, e antigo!
Acima de ti, jaz epitáfio esquecido desse chão memorial...
Depositário fiel dos materiais orgânicos, e tumbal abrigo,
Ó columbário faraônico, tão sombrio, tão tétrico e mortal!

Longe de mim porém desse templo dos que já findaram.
Afasta agora de mim Meu Deus e Pai! Da-me um atalho!
Lúgubre recinto, dos espíritos que na terra habitaram,
Meus ossos já estou ouvindo baterem feito um chocalho!

Construção decrépita silencio reinante, místico sepulcral...
Traslada-me ó Deus, ainda vivo, desses sonhos temerários!
Sinto meus medos, meus terrores, meus temores e o mal...
Com os anjos desejaria brincar no teu céu feito os hilários!

Ó portal estranho da mística e eterna morada da escuridão,
Atordoante conclusão final encerrando sonhos dos aflitos!
Ó portal medonho, funesto, cadeia que fechado esconde,
As lembranças da vida, do calor, das festas e dos conflitos...



Ossário Geral do cemitério do Araçá, também conhecido como Columbário
*Este poema faz parte da Antologia Poética, volume 1 - Vozes da Alma de 2009